quarta-feira, 24 de abril de 2013

A INDUSTRIA CULTURAL ATACA O ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS

O presente artigo tem como objetivo analisar a relação comunidade/grupos culturais/contemporaneidade, a partir do evento Encontro Cultural de Laranjeiras. O interesse pelo tema vem a partir de um fato notório: os efeitos da indústria cultural e a consequente desvalorização das manifestações artisticas locais. Conhecida como capital sergipana da cultura popular, o município de Laranjeiras está localizado a 20 km de Aracaju. Originou-se das povoações organizadas por colonos às margens do Rio Cotinguiba, após a dominação das tribos nativas pelas tropas de Cristovão de Barros, em 1590. A cidade desenvolveu-se socioeconomicamente a partir da monocultura da cana de açúcar, apoiada em trabalho escravo, o que explica o grande numero de cidadãos afrodescendentes nos dias atuais. Da miscigenação etno-racial surgem as centenárias manifestações culturais, de origens variadas, repassadas de geração a geração. Lambe Sujos e Caboclinhos, Taieiras, Cacumbis, Reisados, Cheganças, que sobreviveram até hoje, com seus conteúdos sagrados e profanos. Muitas outras manifestações no Estado de Sergipe já são consideradas extintas, enquanto algumas são apresentadas apenas por grupos parafolclóricos. Percebe-se, na contemporaneidade, que essas manifestações vão aos poucos deixando de interessar aos moradores da cidade, que privilegiam como opção de entretenimento a participação de artistas a nível nacional ,enquanto os cortejos dos grupos folclóricos são acompanhados por uma minoria formada principalmente de estudiosos da cultura e turistas. Pretende-se aqui, alertar para a influencia da indústria cultural nessa relação comunidade/manifestações culturais, conceituando indústria cultural, como um processo sócio econômico, cuja finalidade primordial é produzir bens, inclusive bens culturais, e vende-los ao maior número de pessoas possível, usando para isso estratégias de marketing e comunicação através de recursos midiáticos, que usados exaustivamente leva o individuo a um estado de alienação mental, aceitando passivamente o que lhe é apresentado como bom e indispensável. Torna-se necessária uma reflexão, a partir do meio social sobre sua relação com a cultura regional e a contemporaneidade, em virtude do visível alheamento da comunidade local em relação as suas tradições culturais, que são paulatinamente sufocadas pela modernidade e padronização de costumes , impostas pela indústria cultural. Esse contexto tem como consequência a perda de identidade cultural,a desvalorização, e extinção de nossas manifestações genuínas ,que perdem espaços para os modismos impostas pela indústria cultural.

terça-feira, 23 de abril de 2013

lutas e abolições: caboclinhos x lambe sujos

Esse artigo tem como objetivo possibilitar a ampliação da compreensão sobre a contribuição da memória e das manifestações culturais para a construção de uma identidade étnica, bem como, deixar como referencia a ideia de preservação e valorização da festa Lambe Sujo x Caboclinhos, enquanto uma construção histórica e patrimônio intangível do povo de Laranjeiras. Busca-se aqui identificar a presença de símbolos e representações do período escravocrata na aludida manifestação cultural, relacionando memória coletiva, cultura e história, através das lutas e ações empreendidas pelos negros escravizados, visando a obtenção de liberdade, fatos constantes durante o Brasil colonial. Neste sentido, a festa popular Lambe Sujos x Caboclinhos expressa formas de formação de identidade cultural de grupos locais, onde o motivo do festejo é celebrar e relembrar, conservar algo que ficou na memória coletiva, transformado em genuína manifestação cultural. A escolha desse tema justifica-se pela necessidade de se fazer um registro da existência desse importante patrimônio intangível do município de Laranjeiras, manifestação popular que reúne diferentes informações reunidas em torno do embate dos negros africanos e seus descendentes em busca da liberdade, sendo relevante por envolver aspectos muitas vezes não percebidos e compreendidos pelos brincantes. DESENVOLVIMENTO Para a Antropologia cultural o conceito de cultura é desenvolvido principalmente por Edward Taylor, na sua obra Primitive Cultura, lançada em 1871, onde, aqui simplificando, entende-se como cultura, por todas as ações por meio das quais os povos expressam suas formas especificas de ser, derivando daí o conceito de manifestação cultural como toda forma de expressão humana, seja através de celebrações e rituais ou através de outros suportes. Dessa forma são também manifestações culturais as artes plásticas em geral, a musica, a dança, o artesanato, os trabalhos manuais e tantas outras ações. Sendo assim, é comum e aceitável a diversidade cultural já que todos os povos possuem sua própria cultura, o que se que é transmitida geração após geração, mas que também se renova no cotidiano de cada grupo social. Todo sujeito social dessa forma, passa por um processo dinâmico de sociabilização em que se aprende a fazer parte de um grupo social, onde controle sua própria identidade. São fundamentais para o conhecimento dos processos utilizados pela memória os estudos de Maurice Halbwachs, que contribuíram definitivamente para a compreensão dos quadros sociais que compõem a memória. De acordo com Zilda Kessel, “a memória coletiva tem a importante função de contribuir para o sentimento de pertinência a um grupo de passado comum, que compartilha memórias” Dentre as diversas manifestações culturais existentes na cidade de Laranjeiras, destaca-se a festa Lambe-Sujos x Caboclinhos que ocorre sempre no mês de Outubro, por ser a que envolve o maior número de participantes locais e visitantes de várias regiões do Brasil, brincantes e estudiosos de áreas plurais do conhecimento, bem como pelo seu caráter histórico, realizada sem interrupções por mais de cem anos, sem concorrente em Sergipe em termos de magnitude e representatividade, tratando-se se evento étnico e racial. Considerada berço da cultura de Sergipe, e capital da cultura popular desse estado do Brasil, Laranjeiras está localizado a 20 km de Aracaju, e tem como peculiaridade a arquitetura colonial presente no centro histórico e o fato de possuir uma população majoritariamente formada por afrodescendentes. Esse fato deve-se, sobretudo, devido a sua localização no Vale do Cotinguiba, zona onde se desenvolveu a monocultura da cana de açúcar, sustentada pelo trabalho realizado pela mão de obra escrava, oriunda do continente africano, que proporcionou a miscigenação racial, característica da formação do povo brasileiro. Ao considerar-se a manifestação cultural Lambe Sujos x caboclinhos x como património intangível, assume-se seu valor como um bem deixado como herança pelos ancestrais, passado de geração a geração. Entre as escolhas inerentes à memória, o lembrar e o esquecer, o folguedo torna-se importante e soberano como referencia cultural, formador de identidade local, um legado cultural a ser preservado, sendo necessário para garantir sua perpetuação, a manutenção da essência e originalidade de seus rituais.•. A grande transformação no campo do patrimonial no Brasil ocorre a partir da nova definição de patrimônio adotada no Brasil através da promulgação da constituição de 1988, que em seus artigos 215 e 216 incorpora como elementos passíveis de tombamento centenas de manifestações populares, saberes e fazeres. São os bens materiais intangíveis ou imateriais. Muito comuns por todos os estado de Sergipe nos séculos passados, as formas de expressão genuinamente populares, também conhecidas como folclóricas, estão cada vez mais difíceis de encontrar, ocupando espaços apenas em eventos comemorativos de datas tradicionais, ou festivais e feiras esporádicas. Muito desse processo de desvalorização e extinção deve-se à modernidade e suas inovadoras tecnologias, entre as mais importantes a invenção da televisão, o advento da internet, que atingem milhões de pessoas simultaneamente, propagando os modismos impostos pela indústria cultural, têm ocupado cada vez mais espaço na formação da população, proporcionando o alheamento e desconhecimento da cultura local, em prol de uma “cultura” de massa globalizante que atende tão somente a interesses econômicos. Laranjeiras, como outras cidades, também passa por um período onde a influencia de outras culturas torna-se um elemento de ameaçador, tratando-se de tradições centenárias, produzidas e perpetuadas pelo povo. A aprovação recente da Lei dos mestres, que visa garantir a propagação do conhecimento popular, visando sua perpetuação. A própria festa Lambe Sujos x Caboclinhos necessita de uma atenção maior dos seus organizadores, para não cair no lugar comum de transformar-se num evento com características diferentes das originais, o mesmo acontecendo com as outras manifestações culturais locais, tais como Taieiras, Cacumbis, Reisados, Cheganças, que conseguiram sobreviveram até hoje, mantendo seus conteúdos sagrados e profanos, a devoção aos protetores dos negros, São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, as adaptações de folguedos oriundos da Europa, relatando combates entre cristãos e praticantes de outras religiões, comumente conhecidos como mouros enquanto muitas outras manifestações já são consideradas extintas em Sergipe. A FESTA O embate entre Lambe Sujos e Caboclinhos é comandado há anos pelo “mestre” Zé Rolinha, apelido do Sr. José Ronaldo de Meneses, que também é “mestre de Chegança, outra manifestação cultural tradicional da cidade de Laranjeiras, sendo um dos contemplados pela Lei dos Mestres. A festa Lambe Sujos x Caboclinhos está repleta de conteúdos, signos e representações que evocam a resistência do negro africano à escravidão, e tem papel preponderante na memória coletiva dos moradores da cidade de Laranjeiras, que a realizam desde tempos imemoriais. De acordo com a educadora Zilda Kessel “essa memória coletiva tem assim uma importante função de contribuir para o sentimento de pertencimento a um grupo de passado. comum, que compartilha memórias” o que explica a secularização do evento. O contexto social de uma Laranjeiras cercada de canaviais, senhores de engenho e centenas de escravos e silvícolas está presente implícita ou explicitamente na formatação da manifestação cultural Lambe Sujo, que encena um combate entre os negros aquilombados e seus perseguidores, capitães do mato chefiando índios domesticados, os caboclinhos. Estes se vestem quais seus ancestrais nativos, com saiote e cocares de penas coloridas, arco e flecha, facões e tem o corpo pintado com tinta vermelha, sendo um grupo, sob a ótica de formação militar, mais organizado, simbolizando a submissão do índio ao homem branco. O cabaú, subproduto da cana de açúcar, é usado para escurecer a pele dos brincantes denominados lambe sujos, sendo esse grupo o que consegue mais adeptos entre os moradores da cidade, o que evidencia, através da observação, a identificação racial dos participantes, indivíduos afrodescendentes. Suas armas são foices de madeira que simbolizam a luta pela liberdade e o trabalho escravo no canavial. Gorro e calção vermelho são as indumentárias dos lambe sujos. Fazem parte do grupo, o rei, a rainha e a mãe SUZANA REPRESENtando uma escrava negra, que saem pela rua em algazarra tocando vários instrumentos musicais, tambores, pandeiros, maracas e reco-reco. Os rituais simbólicos tem início pela madrugada e perduram até o entardecer e também estão repletos de simbologias. Atualmente a festa incorporou um dado novo que não fazia parte do ritual ancestral: o pedido de benção ao vigário local o que demonstra uma adaptação à contemporaneidade, muito comum nas manifestações culturais mais antigas. Tradicionalmente os Lambe sujos saem às ruas pedindo contribuições aos passantes, sob ameaça de suja-los com cabaú. Tudo conseguido é levado ao mocambo e as contribuições em dinheiro são usadas para compra bebidas que serão consumidas durante todo o dia. Durante o enredo da festa a princesa dos caboclinhos é aprisionada, sendo o combate final pela sua libertação a conclusão da ópera popular. Historicamente, os lambe sujos são sempre derrotados, representando dessa forma a construção da historia, onde as lutas pela abolição da escravatura no Brasil demandaram décadas de campanhas por parte da sociedade civil, e movimentos de resistência por parte dos negros escravizados. Para se ter uma ideia da participação popular no evento, homens mulheres e crianças travestem-se de seu personagem favorito, permanecendo assim durante todo o dia. Concluindo nossa reflexão, desejamos com este artigo contribuir efetivamente para os debates que abordem a relação memória, história, identidade cultural, conhecimento e valorização do patrimônio intangível do estado de Sergipe, subjetividades tão ausentes quando se fala em sergipanidade, bem como atentar para a importância da preservação da festa Lambe Sujos x caboclinhos, enquanto espaço de expressão, pertencimento, lutas e identidades culturais. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico/Roque de Barros Laraia-22 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 2008; Memória e memória coletiva, Zilda Kessel-www. memoriaeducacao.hpg.ig.com.br DEMO, Pedro,1941. Metodologia Científica em Ciencias Sociais ? Pedro Demo. 3 ed. Ver. E ampl. – São Paulo : Atlas, 1995. A História da Escravidão. Capítulo 3, Lutas e Aboliçoes.Não consta dados bibliográficos.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Prá não dizer que não falei de futebol.

O BODE EXPATÓRIO XXX De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. Essa famosa citação de Rui Barbosa, proferida décadas atrás, cai como uma luva no Brasil contemporâneo, onde os valores éticos e morais perderam totalmente o sentido e os conceitos do jeitinho brasileiro e da Lei de Gerson são amplamente conhecidos, aceitos e aplicados cotidianamente, sem nenhum remorso ou dor na consciência em quase todas as esferas da nossa sociedade. Mesmo quando há um cadáver de adolescente, como acontece no caso do boliviano morto por um sinalizador lançado pela torcida organizada Gaviões da Fiel, durante jogo do Corinthians pela Taça Libertadores da América, na cidade de Oruro, na Venezuela, o tal jeitinho é o recurso usado como solução imediata. A meu ver com a apresentação do menor xxx, o bode expiatório, armou-se uma farsa sinistra, cujo objetivo é esconder a face do verdadeiro infrator, engodo este facilmente perceptível por qualquer detetive amador que tenha o mínimo de inteligência. Afinal porque os 12 encarcerados após o acidente não delataram o menor brasileiro, preferindo permanecer sob custódia por tempo incerto em um país estrangeiro? Já se ouve por aqui a afirmação insensata e insensível de que o jovem boliviano estava no lugar errado na hora errada, quando na realidade estava no lugar certo na hora certa, em um estádio de futebol, torcendo por seu time do coração, como fazem milhares de adolescentes brasileiros. A torcida Gaviões da Fiel, (que não representa o imenso universo de torcedores do Timão, muitos dos quais pais de garotos na mesma faixa etária daquele guri boliviano), age de forma abominável ao acobertar um criminoso, que à solta e impune, ficará a vontade para praticar outros atos ilícitos em nome de uma paixão futebolística. Torço para que as autoridades bolivianas e brasileiras não caiam nesse conto da carochinha e que a justiça seja feita.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

As grandes festas religiosas de Sergipe

As grandes festas religiosas de Sergipe Mesmo diante das várias crises por qual passou a Igreja Católica no mundo inteiro, e o consequente avanço das religiões conhecidas como evangélicas, Sergipe ainda é um estado onde o catolicismo é preponderante, fato este comprovado nas grandes concentrações de fiéis presentes nos eventos mais marcantes do calendário religioso. A procissão de Bom Jesus dos Navegantes em Propriá, e a do Senhor dos Passos, em São Cristovão, respectivamente nos meses de Janeiro e Fevereiro foram os dois primeiros eventos de grandeza maior em 2013, onde a fé e devoção do povo sergipano são evidenciadas pela presença de milhares de devotos que chegam de vários recantos do Brasil, com o intuito de prestar louvor a seus santos queridos, na forma de orações e pagamentos de graças alcançadas. Estive em ambas, e pude, dessa forma, testemunhar a força da tradição católica. Romeiros descalços com pês a sangrar carregam nos olhos aquela chama de dever cumprido e resignação. Outros carregam nos ombros grandes cruzes em madeira, no entanto, aparentam não sentirem o peso daquele pesado fardo. Crianças vestidas de anjo, imagens de barcos em diversos tamanhos, o entoar de preces fervorosas, os semblantes contritos, a beira rio com casas enfeitadas, banda de música e fogos, muitos fogos, um espetáculo pirotécnico ensurdecedor. Em Propriá, tive a oportunidade de apreciar um fato inusitado. Senhores, em sua maioria septuagenários, participantes de uma bandinha de pífanos, ficaram durante 12 horas a cumprir uma tradição local, entoando em seus instrumentos rústicos melodias regionais Uma força estranha parecia movê-los, ao lado de um mastro com as bandeiras do Brasil e de em bela imagem de Bom Jesus dos Navegantes. Em nenhum momento mostraram cansaço ou desanimo, ante a indiferença dos passantes. Estavam certamente em estado de graça. A procissão fluvial impressiona pela quantidade de embarcações e é saudada por fogos e vivas onde quer que passe, tanto na margem alagoana quanto na sergipana do Velho Chico de aguas serenas. O povo feliz homenageia dessa forma seu protetor, em uma declaração de fé inesquecível. Já em São Cristovão, a paisagem colonial fornece à festividade uma plasticidade envolvente e impressionante, realçada pelas vestes roxas ou brancas dos peregrinos, que circulam incessantemente pelas estreitas ruelas que levam ao Convento do Carmo, à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, fechando o cortejo na Praça São Francisco, com o encontro entre Senhor dos Passos e Nossa Senhora, já no fim da tarde. Os cantos gregorianos que ecoam pela cidade, amplificados por um potente sistema de sonorização, dão ao ambiente um ar solene e altamente envolvente, enquanto os milhares de romeiros, pessoas de todas as idades, assistem missas durante quase todo o dia. Outros depositam replicas de partes do corpo humano e objetos que representam as graças alcançadas em promessas em espaço especial ao lado do convento. São os ex-votos, que durante todo o ano ficam expostos, comprovando a ação milagrosa do santo. É uma festa centenária, um espetáculo religioso magnífico, um dos mais belos de Sergipe, emoldurados por um cenário único. Casario antigo repleto de histórias, as tradicionais queijadas são vendidas aos montes em tabuleiros, imagens de santos, terços, fitinhas coloridas, e a prefeitura local e cidadãos presta grande apoio aos romeiros, acolhendo-os de forma organizada oferecendo gratuitamente agua e lanche. O clima na cidade é de total devoção, e o povo de São Cristovão deve orgulhar-se de patrocinar e participar efetivamente de tão importante manifestação cultural secular.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sergival, artista da terra.

Sergival, artista sergipano, faz um tremendo sucesso por onde passa com seu show Coisas do Caçua. Misturando música e manifestaçoes culturais, quadrilha junina, reisado, cangaço,oferece aos que o assistem uma bela amostra dos folguedos e sons de Sergipe. Infelizmente, opérários da cultura local não tem espaço no Encontro Cultural de Laranjeiras.

ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS

O Encontro Cultural de Laranjeiras O tema da Dissertação foi o estudo do folclore sergipano São Gonçalo é um dos grupos folclóricos de Sergipe Luciana de Araújo Aguiar, orientada pela professora Doutora Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, apresentou Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requesitos à obtenção do título de Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia). A Banca contou com a participação da professora Beatriz Góes Dantas, da Universidade Federal de Sergipe. O tema da Dissertação foi: CELEBRAÇÃO E ESTUDO DO FOLCLORE BRASILEIRO: O ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS. Não é a primeira vez que o Encontro Cultural de Laranjeiras, criado em 1976, para pesquisar, estudar e divulgar o folclore sergipano, é tema de estudo acadêmico, principalmente fora do Estado e até fora do País, sedimentando uma fortuna crítica que tem, também, em trabalhos sergipanos o testemunho da importância do evento, realizado no ciclo das festas natalinas, no período das manifestações de Santos Reis e de São Benedito. O Encontro Cultural de Laranjeiras sofreu mudanças, perdendo sua identidade inicial, em face de uma política cultural divergente, como registra Luciana de Araujo Aguiar na sua Dissertação. Abstraindo a discussão, vale ressaltar que o Encontro Cultural de Laranjeiras funcionou, por muitos anos, como uma Escola Aberta de Folclore, reunindo em Laranjeiras centenas de estudiosos, pensadores, do campo do folclore, da antropologia, da sociologia, da linguística, da comunicação, e de aoutras áreas de afinidades. A Dissertação de Luciana de Araujo Aguiar aborda, com toda a clareza, a divergência surgida nos últimos anos, e resgata, através de depoimentos dos personagens envolvidos, a verdadeira história de um evento que cresceu como referência de estudos, sem perder sua característica antiga de celebração. Foi a professora Beatriz Góes Dantas quem chamou a atenção dos organizadores do Encontro Cultural de Laranjeiras, sugerindo adequar a data da realização, ao ciclo de festas natalinas e muito especialmente as festas de Reis e de São Benedito. E assim foi feito, a partir do II ECL, vez que o primeiro, pela pressa de fazê-lo, aconteceu em fins de maio de 1976. A partir de 1977 já a data próxima de 6 de janeiro prevaleceu. A própria Luciana de Araujo Aguiar acompanhou, de perto, alguns debates, como assídua frequentadora dos Encontros, o que cerca de toda a veracidade o volume de informações e crítica contidos na Dissertação. Não é a primeira e certamente não será a útima vez que alguém destaca a história e a qualidade dos estudos dos Encontros Culturais de Laranjeiras. Há uma fortuna crítica unânime, assinada por grandes estudiosos brasileiros, portugueses, espanhóis, franceses, italianos, que tiveram a oportunidade de viver Laranjeiras em seus dias de festas e de estudos. Os Anais, embora não tenham sido completamente publicados, guardam referências e opiniões que atestam a qualidade do evento, bem como a excelência dos participantes. Bráulio do Nascimento, presente desde o I ECL, anotou diversas considerações em seus trabalhos, e ainda teve tempo de pesquisar e localizar em Sergipe narrativas populares raras, como raros são os romances coletados por Costa Fontes, da Universidade de Kent, nos Estados Unidos. A Dissertação de Luciana de Araujo Aguiar deve circular nos ambientes acadêmicos sergipanos e deve merecer lugar destacado em Laranjeiras, pela qualidade do seu conteúdo, pela discussão que abre, pelas fontes que referencia e pela declaração de importância do Encontro Cultural de Laranjeiras como celebração e como estudos, com ilustração, referências e tudo o mais requerido por um trabalho acadêmico. Fica mais uma vez demonstrado o papel científico dos Encontros Culturais de Laranjeiras, um dos mais sérios e competentes momentos culturais de Sergipe e do Brasil, como se pode avaliar pelos estudos em circulação. O que fica faltando é a publicação do trabalho de Luciana de Araujo Aguiar, ou, ainda a promoção de um debate que possa ter a Dissertação como texto básico. TEXTO DE AUTORIA DE LUIS ANTONIO BARRETO

100 anos de Gonzagão por Elias Santos.

Muito se falou durante o ano passado sobre o centenário de Gonzagão.Homenagem mais do que justa ao maior nome da música no Brasil, influenciador direto de várias geraçoes de artistas, entre eles o fantástico Gilberto Gil. Destaco o trabalho de sergipano Elias Santos, mestre em xilogravuras, que publicou sua última obra " Bom dia Gonzagão" em concorrida sessão de autógrafos no Palácio Museu Olimpio Campos. Um trabalho de primeira linha, digno de nos representar em qualquer evento cultural, nacional ou internacional. Confiram e comprovem.

Pense numa coisa boa!

Além de divulgar o artesanato local, a Feira de Sergipe também oferece ao público a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre as manifestações culturais do Estado. Durante os 13 dias do evento estão sendo promovidas mais de 60 apresentações de grupos folclóricos, quadrilhas juninas e artistas da terra no palco montado na Praça de Eventos da Orla de Atalaia. Pelo local já passaram nomes tradicionais como a Orquestra Sanfônica de Aracaju, Zé Rozendo e Marluce, Caceteira do Rindu e Lourinho do Acordeon. A Feira também abre espaço para grupos como o Santana Baião da Penha, criado há cinco anos e que pela primeira vez se apresentou no evento. " Encontramos aqui uma excelente espaço para divulgar o nosso trabalho. Esse é um dos maiores palcos em que tocamos e ficamos muito contentes com a receptividade do público. É importante para os artistas locais dispor de um local que faz questão de preservar os nossos valores", destaca o vocalista da banda, Santana Selva. Até o final do evento, no dia 27, ainda participarão da festa a Quadrilha Junina Maracangaia, Samba de Pareia do Povoado Mussuca, Antônio Rogério e Chico Queiroga e o cantor Sergival. A escolha das apresentações, de acordo com o superintendente do Sebrae, Lauro Vasconcelos, foi baseada na busca pela preservação da cultura sergipana. " A proposta da Feira é mostrar o que o nosso Estado tem de melhor. Assim, tentamos sempre abrir espaço para grupos que mantém viva as nossas tradições e muitas vezes não encontram oportunidades em outros eventos. Queremos sempre oferecer ao visitante a chance de conhecer mais a nossa cultura". E foi a riqueza das manifestações artísticas que encantou a paulista Juliana Nabuco, que pela primeira vez visita Sergipe. " Eu sabia que aqui era a terra do forró, mas não imaginava que também havia uma diversidade de grupos folclóricos. Fiquei impressionada com a forma como as pessoas dançam. É possível ver no olhar de todas elas a paixão pelo que estão fazendo". A Feira de Sergipe é promovida pelo Sebrae e prossegue até o próximo domingo, na Praça de Eventos da Orla de Atalaia, sempre das 17 às 23hs. A entrada é gratuita. Fonte: Ascom Sebrae

Encontro Cultural de Laranjeiras: caldeirão de ritmos.

Discordo com relação às afirmativas do Senhor Secretário de Cultura de Laranjeiras, o músico Irineu Fontes, de que a apresentação de grupos musicais alheios à proposta do Encontro Cultural de Laranjeiras é imprescindível e exigência da população local. Acredito que a festa poderia ser repensada, de forma a privilegiar os grupos musicais locais, ou engajados em uma proposta de resistência, e a população conscientizada através de um trabalho de valorização do artista local, formação de identidade (sergipanidade) e educação patrimonial, que poderia ser executado durante os meses anteriores ao encontro e aplicado durante o evento. No Brasil existem vários exemplos de experiências desse tipo que deram certo e inibiram a interferência exagerada de culturas exteriores. É um trabalho de formigui e que precisa de longo prazo para alcançar sucesso. A Feira de Sergipe, realizada pelo SEBRAE todo mês de Janeiro, sem a presença de bandas de fora do estado, só com manifestações culturais sergipanas tem plena aceitação do público que superlota a orla de Atalaia todos os dias. E claro que o contexto é diferente, mas a essência da ideia pode ser adaptada à capital sergipana da cultura, bastando para isso o desejo de transformação das cabeças pensantes que dirigem o município.