quarta-feira, 24 de abril de 2013
A INDUSTRIA CULTURAL ATACA O ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS
O presente artigo tem como objetivo analisar a relação comunidade/grupos culturais/contemporaneidade, a partir do evento Encontro Cultural de Laranjeiras. O interesse pelo tema vem a partir de um fato notório: os efeitos da indústria cultural e a consequente desvalorização das manifestações artisticas locais.
Conhecida como capital sergipana da cultura popular, o município de Laranjeiras está localizado a 20 km de Aracaju. Originou-se das povoações organizadas por colonos às margens do Rio Cotinguiba, após a dominação das tribos nativas pelas tropas de Cristovão de Barros, em 1590. A cidade desenvolveu-se socioeconomicamente a partir da monocultura da cana de açúcar, apoiada em trabalho escravo, o que explica o grande numero de cidadãos afrodescendentes nos dias atuais.
Da miscigenação etno-racial surgem as centenárias manifestações culturais, de origens variadas, repassadas de geração a geração. Lambe Sujos e Caboclinhos, Taieiras, Cacumbis, Reisados, Cheganças, que sobreviveram até hoje, com seus conteúdos sagrados e profanos. Muitas outras manifestações no Estado de Sergipe já são consideradas extintas, enquanto algumas são apresentadas apenas por grupos parafolclóricos.
Percebe-se, na contemporaneidade, que essas manifestações vão aos poucos deixando de interessar aos moradores da cidade, que privilegiam como opção de entretenimento a participação de artistas a nível nacional ,enquanto os cortejos dos grupos folclóricos são acompanhados por uma minoria formada principalmente de estudiosos da cultura e turistas.
Pretende-se aqui, alertar para a influencia da indústria cultural nessa relação comunidade/manifestações culturais, conceituando indústria cultural, como um processo sócio econômico, cuja finalidade primordial é produzir bens, inclusive bens culturais, e vende-los ao maior número de pessoas possível, usando para isso estratégias de marketing e comunicação através de recursos midiáticos, que usados exaustivamente leva o individuo a um estado de alienação mental, aceitando passivamente o que lhe é apresentado como bom e indispensável.
Torna-se necessária uma reflexão, a partir do meio social sobre sua relação com a cultura regional e a contemporaneidade, em virtude do visível alheamento da comunidade local em relação as suas tradições culturais, que são paulatinamente sufocadas pela modernidade e padronização de costumes , impostas pela indústria cultural. Esse contexto tem como consequência a perda de identidade cultural,a desvalorização, e extinção de nossas manifestações genuínas ,que perdem espaços para os modismos impostas pela indústria cultural.
terça-feira, 23 de abril de 2013
lutas e abolições: caboclinhos x lambe sujos
Esse artigo tem como objetivo possibilitar a ampliação da compreensão sobre a contribuição da memória e das manifestações culturais para a construção de uma identidade étnica, bem como, deixar como referencia a ideia de preservação e valorização da festa Lambe Sujo x Caboclinhos, enquanto uma construção histórica e patrimônio intangível do povo de Laranjeiras.
Busca-se aqui identificar a presença de símbolos e representações do período escravocrata na aludida manifestação cultural, relacionando memória coletiva, cultura e história, através das lutas e ações empreendidas pelos negros escravizados, visando a obtenção de liberdade, fatos constantes durante o Brasil colonial.
Neste sentido, a festa popular Lambe Sujos x Caboclinhos expressa formas de formação de identidade cultural de grupos locais, onde o motivo do festejo é celebrar e relembrar, conservar algo que ficou na memória coletiva, transformado em genuína manifestação cultural.
A escolha desse tema justifica-se pela necessidade de se fazer um registro da existência desse importante patrimônio intangível do município de Laranjeiras, manifestação popular que reúne diferentes informações reunidas em torno do embate dos negros africanos e seus descendentes em busca da liberdade, sendo relevante por envolver aspectos muitas vezes não percebidos e compreendidos pelos brincantes.
DESENVOLVIMENTO
Para a Antropologia cultural o conceito de cultura é desenvolvido principalmente por Edward Taylor, na sua obra Primitive Cultura, lançada em 1871, onde, aqui simplificando, entende-se como cultura, por todas as ações por meio das quais os povos expressam suas formas especificas de ser, derivando daí o conceito de manifestação cultural como toda forma de expressão humana, seja através de celebrações e rituais ou através de outros suportes. Dessa forma são também manifestações culturais as artes plásticas em geral, a musica, a dança, o artesanato, os trabalhos manuais e tantas outras ações.
Sendo assim, é comum e aceitável a diversidade cultural já que todos os povos possuem sua própria cultura, o que se que é transmitida geração após geração, mas que também se renova no cotidiano de cada grupo social.
Todo sujeito social dessa forma, passa por um processo dinâmico de sociabilização em que se aprende a fazer parte de um grupo social, onde controle sua própria identidade.
São fundamentais para o conhecimento dos processos utilizados pela memória os estudos de Maurice Halbwachs, que contribuíram definitivamente para a compreensão dos quadros sociais que compõem a memória. De acordo com Zilda Kessel, “a memória coletiva tem a importante função de contribuir para o sentimento de pertinência a um grupo de passado comum, que compartilha memórias”
Dentre as diversas manifestações culturais existentes na cidade de Laranjeiras, destaca-se a festa Lambe-Sujos x Caboclinhos que ocorre sempre no mês de Outubro, por ser a que envolve o maior número de participantes locais e visitantes de várias regiões do Brasil, brincantes e estudiosos de áreas plurais do conhecimento, bem como pelo seu caráter histórico, realizada sem interrupções por mais de cem anos, sem concorrente em Sergipe em termos de magnitude e representatividade, tratando-se se evento étnico e racial.
Considerada berço da cultura de Sergipe, e capital da cultura popular desse estado do Brasil, Laranjeiras está localizado a 20 km de Aracaju, e tem como peculiaridade a arquitetura colonial presente no centro histórico e o fato de possuir uma população majoritariamente formada por afrodescendentes.
Esse fato deve-se, sobretudo, devido a sua localização no Vale do Cotinguiba, zona onde se desenvolveu a monocultura da cana de açúcar, sustentada pelo trabalho realizado pela mão de obra escrava, oriunda do continente africano, que proporcionou a miscigenação racial, característica da formação do povo brasileiro.
Ao considerar-se a manifestação cultural Lambe Sujos x caboclinhos x como património intangível, assume-se seu valor como um bem deixado como herança pelos ancestrais, passado de geração a geração.
Entre as escolhas inerentes à memória, o lembrar e o esquecer, o folguedo torna-se importante e soberano como referencia cultural, formador de identidade local, um legado cultural a ser preservado, sendo necessário para garantir sua perpetuação, a manutenção da essência e originalidade de seus rituais.•.
A grande transformação no campo do patrimonial no Brasil ocorre a partir da nova definição de patrimônio adotada no Brasil através da promulgação da constituição de 1988, que em seus artigos 215 e 216 incorpora como elementos passíveis de tombamento centenas de manifestações populares, saberes e fazeres. São os bens materiais intangíveis ou imateriais.
Muito comuns por todos os estado de Sergipe nos séculos passados, as formas de expressão genuinamente populares, também conhecidas como folclóricas, estão cada vez mais difíceis de encontrar, ocupando espaços apenas em eventos comemorativos de datas tradicionais, ou festivais e feiras esporádicas.
Muito desse processo de desvalorização e extinção deve-se à modernidade e suas inovadoras tecnologias, entre as mais importantes a invenção da televisão, o advento da internet, que atingem milhões de pessoas simultaneamente, propagando os modismos impostos pela indústria cultural, têm ocupado cada vez mais espaço na formação da população, proporcionando o alheamento e desconhecimento da cultura local, em prol de uma “cultura” de massa globalizante que atende tão somente a interesses econômicos.
Laranjeiras, como outras cidades, também passa por um período onde a influencia de outras culturas torna-se um elemento de ameaçador, tratando-se de tradições centenárias, produzidas e perpetuadas pelo povo. A aprovação recente da Lei dos mestres, que visa garantir a propagação do conhecimento popular, visando sua perpetuação.
A própria festa Lambe Sujos x Caboclinhos necessita de uma atenção maior dos seus organizadores, para não cair no lugar comum de transformar-se num evento com características diferentes das originais, o mesmo acontecendo com as outras manifestações culturais locais, tais como Taieiras, Cacumbis, Reisados, Cheganças, que conseguiram sobreviveram até hoje, mantendo seus conteúdos sagrados e profanos, a devoção aos protetores dos negros, São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, as adaptações de folguedos oriundos da Europa, relatando combates entre cristãos e praticantes de outras religiões, comumente conhecidos como mouros enquanto muitas outras manifestações já são consideradas extintas em Sergipe.
A FESTA
O embate entre Lambe Sujos e Caboclinhos é comandado há anos pelo “mestre” Zé Rolinha, apelido do Sr. José Ronaldo de Meneses, que também é “mestre de Chegança, outra manifestação cultural tradicional da cidade de Laranjeiras, sendo um dos contemplados pela Lei dos Mestres.
A festa Lambe Sujos x Caboclinhos está repleta de conteúdos, signos e representações que evocam a resistência do negro africano à escravidão, e tem papel preponderante na memória coletiva dos moradores da cidade de Laranjeiras, que a realizam desde tempos imemoriais.
De acordo com a educadora Zilda Kessel “essa memória coletiva tem assim uma importante função de contribuir para o sentimento de pertencimento a um grupo de passado. comum, que compartilha memórias” o que explica a secularização do evento.
O contexto social de uma Laranjeiras cercada de canaviais, senhores de engenho e centenas de escravos e silvícolas está presente implícita ou explicitamente na formatação da manifestação cultural Lambe Sujo, que encena um combate entre os negros aquilombados e seus perseguidores, capitães do mato chefiando índios domesticados, os caboclinhos.
Estes se vestem quais seus ancestrais nativos, com saiote e cocares de penas coloridas, arco e flecha, facões e tem o corpo pintado com tinta vermelha, sendo um grupo, sob a ótica de formação militar, mais organizado, simbolizando a submissão do índio ao homem branco.
O cabaú, subproduto da cana de açúcar, é usado para escurecer a pele dos brincantes denominados lambe sujos, sendo esse grupo o que consegue mais adeptos entre os moradores da cidade, o que evidencia, através da observação, a identificação racial dos participantes, indivíduos afrodescendentes. Suas armas são foices de madeira que simbolizam a luta pela liberdade e o trabalho escravo no canavial. Gorro e calção vermelho são as indumentárias dos lambe sujos.
Fazem parte do grupo, o rei, a rainha e a mãe SUZANA REPRESENtando uma escrava negra, que saem pela rua em algazarra tocando vários instrumentos musicais, tambores, pandeiros, maracas e reco-reco.
Os rituais simbólicos tem início pela madrugada e perduram até o entardecer e também estão repletos de simbologias. Atualmente a festa incorporou um dado novo que não fazia parte do ritual ancestral: o pedido de benção ao vigário local o que demonstra uma adaptação à contemporaneidade, muito comum nas manifestações culturais mais antigas.
Tradicionalmente os Lambe sujos saem às ruas pedindo contribuições aos passantes, sob ameaça de suja-los com cabaú. Tudo conseguido é levado ao mocambo e as contribuições em dinheiro são usadas para compra bebidas que serão consumidas durante todo o dia.
Durante o enredo da festa a princesa dos caboclinhos é aprisionada, sendo o combate final pela sua libertação a conclusão da ópera popular. Historicamente, os lambe sujos são sempre derrotados, representando dessa forma a construção da historia, onde as lutas pela abolição da escravatura no Brasil demandaram décadas de campanhas por parte da sociedade civil, e movimentos de resistência por parte dos negros escravizados.
Para se ter uma ideia da participação popular no evento, homens mulheres e crianças travestem-se de seu personagem favorito, permanecendo assim durante todo o dia.
Concluindo nossa reflexão, desejamos com este artigo contribuir efetivamente para os debates que abordem a relação memória, história, identidade cultural, conhecimento e valorização do patrimônio intangível do estado de Sergipe, subjetividades tão ausentes quando se fala em sergipanidade, bem como atentar para a importância da preservação da festa Lambe Sujos x caboclinhos, enquanto espaço de expressão, pertencimento, lutas e identidades culturais.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico/Roque de Barros Laraia-22 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 2008;
Memória e memória coletiva, Zilda Kessel-www. memoriaeducacao.hpg.ig.com.br
DEMO, Pedro,1941. Metodologia Científica em Ciencias Sociais ? Pedro Demo. 3 ed. Ver. E ampl. – São Paulo : Atlas, 1995.
A História da Escravidão. Capítulo 3, Lutas e Aboliçoes.Não consta dados bibliográficos.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Prá não dizer que não falei de futebol.
O BODE EXPATÓRIO XXX
De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
Essa famosa citação de Rui Barbosa, proferida décadas atrás, cai como uma luva no Brasil contemporâneo, onde os valores éticos e morais perderam totalmente o sentido e os conceitos do jeitinho brasileiro e da Lei de Gerson são amplamente conhecidos, aceitos e aplicados cotidianamente, sem nenhum remorso ou dor na consciência em quase todas as esferas da nossa sociedade.
Mesmo quando há um cadáver de adolescente, como acontece no caso do boliviano morto por um sinalizador lançado pela torcida organizada Gaviões da Fiel, durante jogo do Corinthians pela Taça Libertadores da América, na cidade de Oruro, na Venezuela, o tal jeitinho é o recurso usado como solução imediata.
A meu ver com a apresentação do menor xxx, o bode expiatório, armou-se uma farsa sinistra, cujo objetivo é esconder a face do verdadeiro infrator, engodo este facilmente perceptível por qualquer detetive amador que tenha o mínimo de inteligência.
Afinal porque os 12 encarcerados após o acidente não delataram o menor brasileiro, preferindo permanecer sob custódia por tempo incerto em um país estrangeiro?
Já se ouve por aqui a afirmação insensata e insensível de que o jovem boliviano estava no lugar errado na hora errada, quando na realidade estava no lugar certo na hora certa, em um estádio de futebol, torcendo por seu time do coração, como fazem milhares de adolescentes brasileiros.
A torcida Gaviões da Fiel, (que não representa o imenso universo de torcedores do Timão, muitos dos quais pais de garotos na mesma faixa etária daquele guri boliviano), age de forma abominável ao acobertar um criminoso, que à solta e impune, ficará a vontade para praticar outros atos ilícitos em nome de uma paixão futebolística.
Torço para que as autoridades bolivianas e brasileiras não caiam nesse conto da carochinha e que a justiça seja feita.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
As grandes festas religiosas de Sergipe
As grandes festas religiosas de Sergipe
Mesmo diante das várias crises por qual passou a Igreja Católica no mundo inteiro, e o consequente avanço das religiões conhecidas como evangélicas, Sergipe ainda é um estado onde o catolicismo é preponderante, fato este comprovado nas grandes concentrações de fiéis presentes nos eventos mais marcantes do calendário religioso.
A procissão de Bom Jesus dos Navegantes em Propriá, e a do Senhor dos Passos, em São Cristovão, respectivamente nos meses de Janeiro e Fevereiro foram os dois primeiros eventos de grandeza maior em 2013, onde a fé e devoção do povo sergipano são evidenciadas pela presença de milhares de devotos que chegam de vários recantos do Brasil, com o intuito de prestar louvor a seus santos queridos, na forma de orações e pagamentos de graças alcançadas.
Estive em ambas, e pude, dessa forma, testemunhar a força da tradição católica. Romeiros descalços com pês a sangrar carregam nos olhos aquela chama de dever cumprido e resignação. Outros carregam nos ombros grandes cruzes em madeira, no entanto, aparentam não sentirem o peso daquele pesado fardo. Crianças vestidas de anjo, imagens de barcos em diversos tamanhos, o entoar de preces fervorosas, os semblantes contritos, a beira rio com casas enfeitadas, banda de música e fogos, muitos fogos, um espetáculo pirotécnico ensurdecedor.
Em Propriá, tive a oportunidade de apreciar um fato inusitado. Senhores, em sua maioria septuagenários, participantes de uma bandinha de pífanos, ficaram durante 12 horas a cumprir uma tradição local, entoando em seus instrumentos rústicos melodias regionais Uma força estranha parecia movê-los, ao lado de um mastro com as bandeiras do Brasil e de em bela imagem de Bom Jesus dos Navegantes. Em nenhum momento mostraram cansaço ou desanimo, ante a indiferença dos passantes. Estavam certamente em estado de graça.
A procissão fluvial impressiona pela quantidade de embarcações e é saudada por fogos e vivas onde quer que passe, tanto na margem alagoana quanto na sergipana do Velho Chico de aguas serenas. O povo feliz homenageia dessa forma seu protetor, em uma declaração de fé inesquecível.
Já em São Cristovão, a paisagem colonial fornece à festividade uma plasticidade envolvente e impressionante, realçada pelas vestes roxas ou brancas dos peregrinos, que circulam incessantemente pelas estreitas ruelas que levam ao Convento do Carmo, à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, fechando o cortejo na Praça São Francisco, com o encontro entre Senhor dos Passos e Nossa Senhora, já no fim da tarde.
Os cantos gregorianos que ecoam pela cidade, amplificados por um potente sistema de sonorização, dão ao ambiente um ar solene e altamente envolvente, enquanto os milhares de romeiros, pessoas de todas as idades, assistem missas durante quase todo o dia. Outros depositam replicas de partes do corpo humano e objetos que representam as graças alcançadas em promessas em espaço especial ao lado do convento. São os ex-votos, que durante todo o ano ficam expostos, comprovando a ação milagrosa do santo.
É uma festa centenária, um espetáculo religioso magnífico, um dos mais belos de Sergipe, emoldurados por um cenário único. Casario antigo repleto de histórias, as tradicionais queijadas são vendidas aos montes em tabuleiros, imagens de santos, terços, fitinhas coloridas, e a prefeitura local e cidadãos presta grande apoio aos romeiros, acolhendo-os de forma organizada oferecendo gratuitamente agua e lanche. O clima na cidade é de total devoção, e o povo de São Cristovão deve orgulhar-se de patrocinar e participar efetivamente de tão importante manifestação cultural secular.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Sergival, artista da terra.
Sergival, artista sergipano, faz um tremendo sucesso por onde passa com seu show Coisas do Caçua. Misturando música e manifestaçoes culturais, quadrilha junina, reisado, cangaço,oferece aos que o assistem uma bela amostra dos folguedos e sons de Sergipe. Infelizmente, opérários da cultura local não tem espaço no Encontro Cultural de Laranjeiras.
ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS
O Encontro Cultural de Laranjeiras
O tema da Dissertação foi o estudo do folclore sergipano
São Gonçalo é um dos grupos folclóricos de Sergipe
Luciana de Araújo Aguiar, orientada pela professora Doutora Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti, apresentou Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requesitos à obtenção do título de Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia). A Banca contou com a participação da professora Beatriz Góes Dantas, da Universidade Federal de Sergipe. O tema da Dissertação foi: CELEBRAÇÃO E ESTUDO DO FOLCLORE BRASILEIRO: O ENCONTRO CULTURAL DE LARANJEIRAS.
Não é a primeira vez que o Encontro Cultural de Laranjeiras, criado em 1976, para pesquisar, estudar e divulgar o folclore sergipano, é tema de estudo acadêmico, principalmente fora do Estado e até fora do País, sedimentando uma fortuna crítica que tem, também, em trabalhos sergipanos o testemunho da importância do evento, realizado no ciclo das festas natalinas, no período das manifestações de Santos Reis e de São Benedito. O Encontro Cultural de Laranjeiras sofreu mudanças, perdendo sua identidade inicial, em face de uma política cultural divergente, como registra Luciana de Araujo Aguiar na sua Dissertação. Abstraindo a discussão, vale ressaltar que o Encontro Cultural de Laranjeiras funcionou, por muitos anos, como uma Escola Aberta de Folclore, reunindo em Laranjeiras centenas de estudiosos, pensadores, do campo do folclore, da antropologia, da sociologia, da linguística, da comunicação, e de aoutras áreas de afinidades.
A Dissertação de Luciana de Araujo Aguiar aborda, com toda a clareza, a divergência surgida nos últimos anos, e resgata, através de depoimentos dos personagens envolvidos, a verdadeira história de um evento que cresceu como referência de estudos, sem perder sua característica antiga de celebração. Foi a professora Beatriz Góes Dantas quem chamou a atenção dos organizadores do Encontro Cultural de Laranjeiras, sugerindo adequar a data da realização, ao ciclo de festas natalinas e muito especialmente as festas de Reis e de São Benedito. E assim foi feito, a partir do II ECL, vez que o primeiro, pela pressa de fazê-lo, aconteceu em fins de maio de 1976. A partir de 1977 já a data próxima de 6 de janeiro prevaleceu. A própria Luciana de Araujo Aguiar acompanhou, de perto, alguns debates, como assídua frequentadora dos Encontros, o que cerca de toda a veracidade o volume de informações e crítica contidos na Dissertação.
Não é a primeira e certamente não será a útima vez que alguém destaca a história e a qualidade dos estudos dos Encontros Culturais de Laranjeiras. Há uma fortuna crítica unânime, assinada por grandes estudiosos brasileiros, portugueses, espanhóis, franceses, italianos, que tiveram a oportunidade de viver Laranjeiras em seus dias de festas e de estudos. Os Anais, embora não tenham sido completamente publicados, guardam referências e opiniões que atestam a qualidade do evento, bem como a excelência dos participantes. Bráulio do Nascimento, presente desde o I ECL, anotou diversas considerações em seus trabalhos, e ainda teve tempo de pesquisar e localizar em Sergipe narrativas populares raras, como raros são os romances coletados por Costa Fontes, da Universidade de Kent, nos Estados Unidos.
A Dissertação de Luciana de Araujo Aguiar deve circular nos ambientes acadêmicos sergipanos e deve merecer lugar destacado em Laranjeiras, pela qualidade do seu conteúdo, pela discussão que abre, pelas fontes que referencia e pela declaração de importância do Encontro Cultural de Laranjeiras como celebração e como estudos, com ilustração, referências e tudo o mais requerido por um trabalho acadêmico. Fica mais uma vez demonstrado o papel científico dos Encontros Culturais de Laranjeiras, um dos mais sérios e competentes momentos culturais de Sergipe e do Brasil, como se pode avaliar pelos estudos em circulação. O que fica faltando é a publicação do trabalho de Luciana de Araujo Aguiar, ou, ainda a promoção de um debate que possa ter a Dissertação como texto básico.
TEXTO DE AUTORIA DE LUIS ANTONIO BARRETO
100 anos de Gonzagão por Elias Santos.
Muito se falou durante o ano passado sobre o centenário de Gonzagão.Homenagem mais do que justa ao maior nome da música no Brasil, influenciador direto de várias geraçoes de artistas, entre eles o fantástico Gilberto Gil.
Destaco o trabalho de sergipano Elias Santos, mestre em xilogravuras, que publicou sua última obra " Bom dia Gonzagão" em concorrida sessão de autógrafos no Palácio Museu Olimpio Campos. Um trabalho de primeira linha, digno de nos representar em qualquer evento cultural, nacional ou internacional. Confiram e comprovem.
Pense numa coisa boa!
Além de divulgar o artesanato local, a Feira de Sergipe também oferece ao público a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre as manifestações culturais do Estado. Durante os 13 dias do evento estão sendo promovidas mais de 60 apresentações de grupos folclóricos, quadrilhas juninas e artistas da terra no palco montado na Praça de Eventos da Orla de Atalaia.
Pelo local já passaram nomes tradicionais como a Orquestra Sanfônica de Aracaju, Zé Rozendo e Marluce, Caceteira do Rindu e Lourinho do Acordeon. A Feira também abre espaço para grupos como o Santana Baião da Penha, criado há cinco anos e que pela primeira vez se apresentou no evento.
" Encontramos aqui uma excelente espaço para divulgar o nosso trabalho. Esse é um dos maiores palcos em que tocamos e ficamos muito contentes com a receptividade do público. É importante para os artistas locais dispor de um local que faz questão de preservar os nossos valores", destaca o vocalista da banda, Santana Selva.
Até o final do evento, no dia 27, ainda participarão da festa a Quadrilha Junina Maracangaia, Samba de Pareia do Povoado Mussuca, Antônio Rogério e Chico Queiroga e o cantor Sergival. A escolha das apresentações, de acordo com o superintendente do Sebrae, Lauro Vasconcelos, foi baseada na busca pela preservação da cultura sergipana.
" A proposta da Feira é mostrar o que o nosso Estado tem de melhor. Assim, tentamos sempre abrir espaço para grupos que mantém viva as nossas tradições e muitas vezes não encontram oportunidades em outros eventos. Queremos sempre oferecer ao visitante a chance de conhecer mais a nossa cultura".
E foi a riqueza das manifestações artísticas que encantou a paulista Juliana Nabuco, que pela primeira vez visita Sergipe. " Eu sabia que aqui era a terra do forró, mas não imaginava que também havia uma diversidade de grupos folclóricos. Fiquei impressionada com a forma como as pessoas dançam. É possível ver no olhar de todas elas a paixão pelo que estão fazendo".
A Feira de Sergipe é promovida pelo Sebrae e prossegue até o próximo domingo, na Praça de Eventos da Orla de Atalaia, sempre das 17 às 23hs. A entrada é gratuita.
Fonte: Ascom Sebrae
Encontro Cultural de Laranjeiras: caldeirão de ritmos.
Discordo com relação às afirmativas do Senhor Secretário de Cultura de Laranjeiras, o músico Irineu Fontes, de que a apresentação de grupos musicais alheios à proposta do Encontro Cultural de Laranjeiras é imprescindível e exigência da população local.
Acredito que a festa poderia ser repensada, de forma a privilegiar os grupos musicais locais, ou engajados em uma proposta de resistência, e a população conscientizada através de um trabalho de valorização do artista local, formação de identidade (sergipanidade) e educação patrimonial, que poderia ser executado durante os meses anteriores ao encontro e aplicado durante o evento.
No Brasil existem vários exemplos de experiências desse tipo que deram certo e inibiram a interferência exagerada de culturas exteriores. É um trabalho de formigui e que precisa de longo prazo para alcançar sucesso.
A Feira de Sergipe, realizada pelo SEBRAE todo mês de Janeiro, sem a presença de bandas de fora do estado, só com manifestações culturais sergipanas tem plena aceitação do público que superlota a orla de Atalaia todos os dias. E claro que o contexto é diferente, mas a essência da ideia pode ser adaptada à capital sergipana da cultura, bastando para isso o desejo de transformação das cabeças pensantes que dirigem o município.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Breve história do cangaço em Sergipe
Breve história do cangaço em Sergipe
O pequenino Sergipe, entre todos os estados pelos quais o flagelo do cangaço deixou suas marcas, tem lugar de destaque. Entramos definitivamente para a história do banditismo nacional, de forma excepcional e definitiva, no dia 27 de Julho de 1948, quando na gruta de Angicos, atualmente localizada no município de Poço Redondo, o tenente alagoano João Bezerra e sua volante liquidou o temido malfeitor Virgulino Ferreira da Silva, o afamado Lampião e parte de seus seguidores, interrompendo um reinado de quase 20 anos.
O pano de fundo dessa tragédia social foi o sofrido sertão nordestino e sua temível caatinga, ambiente inóspito, no qual poucos sobreviviam, e o Raso da Catarina, em território baiano, sintetiza toda a insalubridade e aridez dessa região do Brasil. Tempos medonhos aqueles, em que o domínio socioeconômico era exercido por poderosos coronéis proprietários de imensos latifúndios, soberanos da terra e da gente, da vida e da morte. Os conflitos políticos e familiares estão entre os motivos que originaram a escalada da violência.
Desse quotidiano participaram outros personagens que muitas vezes faziam jogo duplo, a depender de interesses pessoais. Volantes, grupos formados por soldados (chamados de macacos pelos cangaceiros) e cachimbos (civis contratados pelo estado), que praticavam todo o tipo de violação contra a população dos povoados e grotões, sendo tão temidos quanto os bandoleiros. Coiteiros (moradores da zona de conflito, que forçados ou não, auxiliavam os bandidos com suprimentos e esconderijo) enfim uma rede de omissão, medo e cumplicidade que permitiu a longa duração do embate.
Mesmo passadas tantas décadas dos combates encarniçados e da morte do seu líder maior, este triste enredo ainda desperta paixões. É uma trajetória repleta de contradições com relação a datas e acontecimentos, que gera debates, movimentando um circulo gerador de divisas, com o nome e imagem do capitão sendo representado de diversas formas em manifestações artísticas e culturais, teses acadêmicas, artigos e investigações sociológicas.
Em solo sergipano os famigerados meliantes, com seu chefe à frente, adentram pela primeira vez no dia 26 de Fevereiro de 1929, ou seja, aproximadamente 12 anos após o início da saga de Virgulino, que se dá com sua entrada no bando de Sinhô Pereira, professor e chefe do futuro senhor das caatingas. A cidade de Carira foi escolhida para a indesejável visita dos fugitivos da volante baiana. Dessa empreitada, participaram apenas sete feras sedentas de tudo, o que já era suficiente para aterrorizar qualquer povoação, e ali se utilizou mais uma vez a tática do bom visitante, amigo, cordial e respeitoso, que não pretendia cometer atos violentos, pagando por tudo que precisava, e promovendo festas.
Suas estripulias em nossas terras gradativamente tornaram-se rotineiras. O rastro do mal logo se fez notar, trazendo ao pacato sergipano a dor da humilhação, as lágrimas pelos entes queridos ultrajados em sua honra ou mortos, as chantagens e extorsões. Como sempre acontecia, uma rede de colaboradores logo foi arquitetada, garantindo uma relativa segurança à cabroeira.
No livro a misteriosa vida de Lampião, de autoria do cearense Cincinato Ferreira Neto, à página 158, encontra-se alusão ao nome de Eronildes de Carvalho, futuro interventor de Sergipe, e seu pai, Sr. Antônio Caixeiro, como um dos maiores protetores de Virgulino em terras sergipanas, fato que é contestado enfaticamente pelos familiares dos citados.
N.S. da Glória, Pinhão, Frei Paulo, Alagadiço, Gararú, Aquidabã, Saco da Ribeira (Ribeirópolis), Monte Alegre, Canindé e Capela, onde a célebre chegada do malfazejo é contada até hoje, foram cidades testemunhas da aventura lampiônica. E muitos ainda recordam esse tempo sinistro. O nome de Zé Baiano, com seu ferro em brasa, que deixou marcas indeléveis no corpo de algumas mulheres ainda hoje causa repulsa.
Muitos dos acontecimentos que fazem parte da história cangaceira foram invencionices criadas pelas mentes do povo, por escritores e jornalistas inescrupulosos. Enquanto uns consideravam Virgolino um facínora impiedoso e sanguinário, capaz das piores atrocidades, outros lhe atribuíam qualidades, tais como, caridoso, sábio, bondoso, justo, educado, refinado, artista etc. Porem, pesquisadores respeitados pela seriedade de seus trabalhos, são unanimes quando reconhecem no capitão a astúcia de um guerrilheiro, o tino estratégico e inteligência de um militar experimentado.
Implacável quando se tratava de vingança e autoafirmação. Benevolente quando precisava de proteção, foi senhor do seu tempo, exercendo liderança absoluta sobre seus comandados, o que permitiu sobreviver, lutando sempre em desvantagem, sendo vencido pela traição, pela modernidade e superioridade numérica e logística dos seus perseguidores.
A derrota, mais cedo ou mais tarde haveria de chegar e em Angicos se escreveu a ultima página da dessa dolorosa epopeia nordestina. Dalí escaparam alguns, que ajudaram a perpetuar o mito. Corisco, alcunhado de diabo louro, ausente no combate final, responsabilizou-se pelo funesto epílogo, promovendo como vingança, mais mortes brutais pela região. Foi morto no dia 25 de Maio de 1940, pondo fim ao banditismo, mas não às injustiças sociais que o criaram.
FONTE: MACIEL. Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado, vol.IV a campanha da Bahia, 2 edição, Ed. Vozes. Petrópolis, 1982
NETO, Cincinato Ferreira Neto. A misteriosa vida de Lampião. Fortaleza: Premius, 2008.
FERREIRA, Vera. AMAURY, Antonio. De Virgolino a Lampião.São Paulo: Ideia Visual, 1999.
COSTA, Alcino Alves. Lampião além da versão. Sociedade Editora de Sergipe.1966.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
OS MERCADOS DE ARACAJU
Centro de Aracaju e lá estão eles: os mercados, oferecendo mais do que um dia de compras e refeições típicas, o contato com a cultura sergipana. Os mercados Antônio Franco (1926) e Thales Ferraz (1948) enfeitiçam os turistas há décadas, com uma beleza arquitetônica única. O Albano Franco (1998), o caçula dos mercados, quer atrair todas as atenções expondo uma diversidade de frutas. A mangaba e o caju são as estrelas de um cenário encantador, de cores e cheiros inesquecíveis.
Lá também tem o peixe, o camarão pistola, uma beleza!! Eles chegam fresquinhos dos barcos que atracam bem ao lado, às margens do rio Sergipe. Não podemos esquecer do caranguejo, o nosso prato típico apreciado pelos sergipanos e turistas nos bares da capital. Tem também o siri, o catado de crustáceos. A variedade de produtos é tamanha que só vendo para crer.
Não pensem que a nossa viagem pela diversidade do mercado Albano Franco para por ai. Lá também você encontra verduras fresquinhas, pimentas acondicionadas em garrafas que aguçam o nosso paladar. Dividem o espaço com iguarias, cereais, confecções diversas, calçados, relógios, materiais de informática, brinquedos, etc. Lá também estão os barzinhos onde se pode fazer uma boa refeição. Tomar o café da manhã com um saboroso cuscuz, acompanhado da carne frita de carneiro, vinda da banca ao lado.
Mercado Thales Ferraz - Deixando o Mercado Albano Franco, você logo chega ao Thales e se depara com o queijo de coalho nas suas várias versões, do natural ao temperado. A manteiga, o requeijão e os biscoitos do interior, principalmente de Propriá, aumentam a tentação da gula. Temos também o amendoim cozido, uma delícia, mas quem preferir na versão torrada, salgado e até doce também encontra lá. E o que falar das castanhas. Doces ou salgadas são as vedetes deste arsenal de sabores.
Para adoçar ainda mais a vida, você não pode deixar de levar para casa o mel de abelha, rapaduras de cana-de- açúcar e deliciosos doces em calda e desidratado. Temos doces de jenipapo, jaca, mamão, banana, batata-doce e até de pimenta. Tudo, ou quase tudo, feito de forma artesanal. Não esqueça de conhecer os nossos vários tipos de beijus, o pé de moleque, as farinhas.
Se você quer cuidar das mazelas do corpo e do espírito o mercado Thales Ferraz é o lugar certo. É lá que fica o famoso mercado das ervas. Para os supersticiosos, as vendedoras sempre têm receitas infalíveis para afastar o olho grosso, as perseguições espirituais e outros males desta vida. É neste espaço místico que também está instalado um dos vários postos de informações turísticas de Aracaju.
Mercado Antônio Franco - Para chegar ao Antônio Franco entramos na Passarela de Flores. Um cantinho para ver o que produzimos de flores tropicais em Boquim e Simão Dias. São flores lindas e resistentes. Lá também você encontra flores importadas. Aproveite para levar para casa um lindo buquê com preço bem acessível. É neste espaço colorido, que estão os mais diversos produtos artesanais de Sergipe. Temos cestas e vários produtos produzidos com a palha de coqueiro. Cerâmicas produzidas por artesãos de Carrapicho e vindas de outros Estados vizinhos e bordados fantásticos. São peças em rendendê, filó, pontos de cruz e a famosa renda irlandesa, produzida em Divina Pastora. Ainda no Antônio Franco, nos intervalos das compras e passeio, você pode degustar os melhores pratos da culinária sergipana e da região, nos bares e restaurantes que ficam nos corredores e no andar superior do mercado. Somado a tudo isso, você ainda brindado com o bom humor, o carinho, a simpatia e a alegria do povo sergipano.
TEXTO EXTRAIDO DO JORNAL DA CIDADE
segunda-feira, 9 de julho de 2012
CARANGUEJO: IDENTIDADE GASTRONOMICA.
Sergipanidade. Sempre que se aproxima nossa data magna, 8 de Julho, essa é a palavra da moda. Vamos falar então da nossa a identidade gastronômica?.
Entendo como identidade aquilo que nos diferencia dos outros. Não é algo individual, mas sim coletivo, que está presente em nosso quotidiano de diversas formas. Feijoada, carne do sol e moquecas são encontradas em quase todo o nordeste, mudando-se um ou outro detalhe. São famosas as carnes do sol da Paraíba e as moquecas de mariscos alagoanas, e a feijoada cada um faz da sua forma, tendo a nossa algumas particularidades, que, todavia, não a eleva à categoria de unanimidade, reconhecida não só por nós, mas também por aqueles que nos visitam.
Quando se fala em prato típico, ligado culturalmente a uma sociedade, sem dúvida alguma o nosso diferencial é o tradicional caranguejo, degustado religiosamente aos domingos, não só nas praias com também nas residências. Em nenhum lugar do Brasil a iguaria é consumida com tanto prazer e em quantidades astronômicas como em terras do cacique Serigy, tanto na tradicional forma, só cozido em agua e sal, como também em saborosas fritadas, pastéis e outros tantos petiscos. Na famosa passarela da praia de Atalaia o crustáceo é saboreado diariamente, e o toc-toc característico dos martelinhos em ação já faz parte do dia a dia do lugar.
AVANTE, SÃO CRISTOVÃO
No próximo mes de Outubro realiza-se mais um pleito eleitoral, e os moradores da cidade de São Cristovão teram a oportunidade de mostrarem sua indignação com todas as mazelas que infestaram seu quotidiano durante mais de uma década.
É hora de rejeitar aqeles que nada fizeram, a não ser contribuir com sua subserviencia e incompetencia para o caos instalado.Eleger aqueles que se comprometam verdadeiramente com um melhor futuro para todos, construindo um cidade digna do seu passado glorioso . A cultura e o turismo, vocação natural do lugar,devem estar entre as prioridades dos novo prefeito e legisladores, cabendo ao cidadão, vigiar e punir, usando sua arma poderosa que é o voto.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
O DECLÍNIO DA MÚSICA BAIANA
Sou de uma geração que cresceu admirando os ótimos sons oriundos da Bahia, desde Dorival Caymmi e sua turma, passando pelo indefectível João Gilberto, pai da bossa nova, Tom Zé irreverente, o inigualável e eterno quarteto fantástico, Gil Caetano Bethânia e Gal, estrelas como Morais Moreira e Armandinho comandando o carnaval, Baby Consuelo, sempre telúrica, A cor do som, Pepeu Gomes e tantos outros talentos reconhecidos nacional e internacionalmente.
De repente, vem Luiz Caldas e sua revolução carregada de fricote, trazendo uma energia diferente, um ritmo novo claramente dançante, sem deixar de lado bons e criativos letras e arranjos, evocando o caliente Caribe, unindo-se ao afro reggae, lambada e samba de roda. Gritou-se pela liberdade de Mandela, exaltando-se a raiz africana com a com Banda Mel e Reflexus, e tudo isso resultou no que hoje chamamos de axé-music.
Dessa safra, apenas o Chiclete com Banana, (que a meu ver perdeu qualidade com o passar do tempo, apelando para produção exclusivamente carnavalesca) e Margareth Meneses sobreviveram, acompanhados das novas musas, Daniella, Ivete e Claudia, que sabiamente não caíram na armadilha da vulgaridade. Ecléticas e bem orientadas, definiram muito bem que caminhos queriam seguir.
A partir daí vem outra turma tecnicamente inferior, que levou uma outrora qualificada cena musical a um indiscutível declínio, explícito em grupelhos que se denominam "de pagode", com suas rimas fáceis, letras simplórias e muitas vezes obscenas, produções bem do agrado de uma parcela da população, e que se dissemina principalmente através de CDs piratas, encontrados em qualquer beira de esquina.
Essa onda atingiu em cheio o estado de Sergipe, grande mercado de artistas baianos, inundando as FMs voltadas para um público definido, ocupando todos os espaços. Os “boys”, com seus automóveis portadores de potentes equipamentos de som, fizeram sua parte invadindo as ruas, fazendo-se necessário a intervenção judicial para acabar com o desrespeito ao sossego alheio.
Certamente é legítimo o ditado que diz que gosto não se discute, o que nos leva a concluir que a radio segmentada parece ser o futuro que nos aguarda, com cada uma centrando-se em um tipo de música. Por enquanto, fico com a poesia do filósofo cearense Belchior, eternizada por Elis Regina: nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não.
sábado, 30 de junho de 2012
BELEZAS SERGIPANAS
Mais uma vez as belezas do estado sergipano são destaques em matérias de circulação nacional. Na edição de hoje, 19.06, o encarte de turismo do Jornal O Estado de São Paulo, trouxe em sua publicação os principais roteiros turísticos de Sergipe, com destaque para o Cânion do Xingó e as cidades históricas sergipanas.
Ao descrever Canindé de São Francisco, o jornal informou que a cidade é o portal de entrada do Complexo Turístico do Xingó, onde os adeptos do ecoturismo podem caminhar por trilhas percorridas por Lampião e seu bando e até conhecer pinturas rupestres de 9mil anos atrás. 'Uma das opções preferidas pelos turistas é o catamarã que sai do píer do restaurante Karranca's e no trajeto podem ser vistas várias ilhas e formações rochosas, como a Pedra do Gavião, o Morro do Macaco e a Pedra do Japonês', disse o jornalista Paulo Liebert.
A matéria também lembrou que em Canindé vale apena conhecer o Museu de Arqueologia de Xingó (MAX), que reúne esqueletos humanos e pinturas rupestres, além de revelar diversos aspectos culturais de seus antigos habitantes. No museu encontra-se parte do material resgatado do Sítio Arqueológico do Justino, que foi alagado pela construção da barragem.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
PLÁGIO É CRIME
"Plagiar é usurpar, roubar a essencia criativa de uma obra. No plágio de uma obra, em alguns casos, os plagiadores, desde que não descobertos, terão o aproveitamento economico do crime".Texto de Paulo Roberto ulhoa, publicado em "A Gazeta" do Espírito Santo, em 09/05/2006. A propósito, em uma das barracas do arraiá do povo um vendedor de cordel apresenta e vende a história em quadrinhos "Lampião" na íntegra, totalmente xerocada e claro sem citar o autor, o alagoano Ruben Wanderlei Filho, nas barbas dos representantes da Secult, promotora do evento. Lamentável.
terça-feira, 26 de junho de 2012
José Eugenio, o decano.
O jornalismo de Sergipe tem em José Eugenio de Jeusus um verdadeiro arquivo vivo.Cognominado "a maior patente do esporte no rádio",Zéugenio, como é carinhosamente chamado por todos, completará em breve 94 anos, dedicando seu tempo com leituras, e escrevendo poemas que pretende publicar em breve.
Até Julho de 2011, colaborava com o programa Paulo Lacerda na Jornal AM, sendo considerado à época o cronista esportivo mais idoso do Brasil. Constantemente recebe convites para palestras, realizando-as com o maior prazer. è fundador da ACDS e presidente de honra da ASI.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
BRASILEIRO É LOUCO POR FUTEBOL
Brasileiro é louco por futebol.
A verdade estava ali, nua e crua à sua frente. Nua, a sua Rosa, com os olhos semicerrados e o cabelo espinhado em completo desalinho, oscilava freneticamente, possuída e tremula, daquela mesma forma que o fizera endoidecer anos atrás, e esquecer-se da sinuca e companheiros de boemia e samba nas noites de
sexta feira.
Faminta por sexo, a mulata sestrosa o praticava sem pudor e sem barreiras.
Crua, e totalmente em riste, a ponta de lança de Meninão nela penetrava sem retranca, num frenesi tal, que a qualquer instante sairia fogo das virilhas dos dois. Gemiam, junto com a cama meio desmantelada, comprada ha dois dias atrás de um vascaíno raivoso, em cuja padaria Beto tomava café todos os dias, antes de pegar no batente.
Engoliu em seco, com a língua colada no céu da boca.
Marcara com o parceiro para irem juntos ao estádio, dia de decisão, Fla-Flu, jogo fácil, mão na taça e festa pronta na Toca do Urubu, com direito a torresmo e pinga da boa por conta da casa. Mas o dito cujo não deu as caras, deixando Beto a ver navios na entrada de um Maracanã superlotado em vermelho e preto.
O vento gelado daquela noite trouxe-lhe sussurros de suspeitas, fazendo com que dessa meia volta e apressasse os passos na direção do morro, fugindo dos primeiros pingos que começavam a cair. O guarda chuva armado o impediu de vislumbrar a figura soturna de Zé Bodega, dono da vendinha na entrada do emaranhado de vielas, que levava ao topo da colina repleta de casebres de zinco e Madeirit.
A porta, escancarada de repente, fez com que a fêmea fogosa cessasse a doida cavalgada, porém, aterrada e prevendo um final infeliz para aquela noite, entrou em estado de choque, continuando, agora estática e de
olhos arregalados, em cima do franzino moleque, que desmaiado de tanto gozo, ficou preso entre as pernas poderosas que tanto apreciava.
Na TV ligada no único cômodo do barraco, sua outra paixão, partia em contra ataque ferino, entrava em velocidade pelo meio, sem encontrar resistência no adversário. Sobre o tamborete improvisado de criado-mudo, a garrafa de Brahma pela metade assistia a tudo, refletindo a luz intermitente vinda do aparelho, dando ao cenário dramático, conferindo novos tons a cada momento, num misto de cores variadas e brilhantes.
Beto sentiu um leve arrepio percorrer lhe o corpo inteiro e um cheiro doce de sangue, invadiu lhe as narinas misturando-se com o indefectível odor de cerveja misturado ao pó de arroz, que o negrinho ousado e tirado a bacana, usava para irritar os amigos nos dias de vitória tricolor.
Só quando percebeu a rigidez e a frieza do corpanzil da amante foi que Meninão abriu os olhos e percebeu que o jogo estava perdido. Sentiu então o liquido viscoso e quente escorrendo-lhe por entre as bolas. Nem gritou quando o golpe certeiro de caco de vidro foi direto ao seu coração.
Fogos e gritos e rajadas de fuzil invadiram a cabeça chata de Beto, enquanto milhares de mãos o aplaudiam e o canto coletivo ê ô ê ô Nego Beto é o terror vibrava pelo cubículo, trazendo-lhe alento e completa felicidade, acompanhado por bandeiras de todos os tamanhos, com sua imagem impressa em vários formatos.
Todos queriam o seu abraço suado e o seu sorriso banguelo, e davam-lhe amigáveis tapinhas nas costas, uns colocavam em sua boca goles generosos de cachaça enquanto outros entravam e saiam da cena macabra, até que ficou sozinho.
Nada mais importava naquele momento.
Não havia dor, nem lágrimas, nem remorsos, nem lembranças boas ou más para guardar.
Rosa sumira da sua frente, bem como o Meninão.
Juntou garrafas num saco plástico e desceu a encosta sem olhar para traz. Na birosca, lá na entrada do morro, o samba já rolava, cavaco e pandeiro convidando para um novo trago, para um novo dia, e sua galera já o aguardavam com os gritos de é campeão ecoando pelos becos escuros.
A camisa, mais vermelha do que preta, parecia nada dizer e nem foi notada pelos amigos.
GILBERTO GIL. AQUELE ABRAÇO.
Impossível esconder minha admiração pelo ás da MPB brasileira, Gilbero Gil. Esteve presente em todos os momentos importantes do cenário musical brasileiro. Sua atuação como Ministro da Cultura agradou aos gregos. Quanto aos troianos....... Troianos são troianos e fim de papo.Estive presente em très apresentações inésquecíveis do astro: noite fria do Encontro Cultural de Laranjeiras, Iate Clube de Aracajú e orla da praia de Atalaia no festival de verão.Palmas e loas para e setentão que ainda tem muito a oferecer à arte brasileira de cantar e compor como nimguém. FELIZ ANIVERSÁRIO
ARACAJU, CAMPINA GRANDE OU CARUARU ? ARACAJU, É CLARO
Aracaju, Campina Grande ou Caruaru?
Aracaju, é claro.
Quando se fala em grandiosas festas juninas no Brasil, de imediato vem à tona o nome de três cidades que se sobressaem sobre todas as outras: Aracaju, Campina Grande e Caruaru, as duas últimas com mais espaço na mídia nacional.
Afinal, qual delas faz o melhor São João do Brasil?
Como sergipano, puxo sem vacilar e com argumentos, a brasa para a minha sardinha, porém sem deixar de vislumbrar alguns aspectos que necessitam de uma melhor atenção por parte dos organizadores do forrócaju.
Em minha opinião, a área do mercado é boa para a realização do evento por está localizada no centro histórico da cidade, o que facilita em termos de locomoção. Todavia, acho que a estrutura poderia ser melhor trabalhada, aumentando o espaço útil para acomodação dos forrozeiros, evitando superlotação e tumultos. O piso também poderia ser melhorado, criando-se uma superfície uniforme, o que traria mais bem estar para os transeuntes. Uma padronização dos bares e barracas criaria um efeito estético bem melhor que o atual.
Já estive em Campina Grande em duas oportunidades, e não há muitas diferenças com relação à Aracaju. Vejo o nosso povo mais empolgado e eles mais organizados em alguns detalhes. Lá, a formatação do espaço, com a criação de "ilhas de forró" é um ponto positivo, pois traz a descentralização de brincantes, contribuindo para a maior contratação de artistas locais para participarem da festança. Poderia ser usado aqui. A marinete do forró é exemplo da cópia que deu certo.
O forró na orla de Atalaia, sem dúvida alguma, é uma grande sacada e o diferencial aracajuano. O espaço é gostoso e mais atraente que o do mercado. As barracas de artesanato e comidas típicas, a cidade cenográfica, junto com o espaço J. Inácio de arte e cultura dão um clima especial, e a existência de hotéis e restaurante à vontade, proporciona conforto e comodidade a todos. Ainda temos o barco do forró, que acredito ser único na região.
Por tudo isso, somos merecedores do título de melhor São João do Brasil.
Convido a todos para um debate saudável.
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