quarta-feira, 6 de junho de 2012

MUSEU AFRO BRASILEIRO DE SERGIPE

Quando se fala em casa de memória voltada para a coleta, pesquisa, estudo e exibição de aspectos da cultura afro-brasileira, o Museu Afro-Brasileiro de Sergipe é referencia, por ser o único no estado com essa tipologia, além de estar localizado no coração do Vale do Cotinguiba, núcleo da produção açucareira do período colonial, e, portanto, polo aglutinador da mão de obra africana, o que lhe confere um status diferenciado e um leque imenso de possibilidades, no trato da relação museu / acervo / comunidade. Instituição gerida pelo governo do Estado de Sergipe, o MABS foi inaugurado em Janeiro de 1976 e oficializado em Fevereiro do mesmo ano, pelo decreto número 3339 (Fonte: Raul Lody p196), com a missão de preservar e expor peças ligadas à cultura afro brasileira e sua influencia no sincretismo religioso do nosso povo. Nele estão catalogados objetos de culto negro, fotografias, telas, documentos e trajes dos orixás. (fonte: cartilha cultural Laranjeiras). O MABS hoje funciona em um prédio desgastado pelo tempo, à mercê dos males comuns às instituições que operam em antigas residências, não dispondo de infraestrutura adequada para abrigar seu acervo e as pessoas que lá trabalham. O antropólogo Raul Lody afirma que “vê-se hoje como se ampliou o conceito espacial de museu e mesmo seu histórico papel legitimador de povos, culturas e civilizações. Com isso também, em contextos globalizados, a compreensão patrimonial fundamentalmente unida à função preservacionista do museu é trazida para discussões mais democráticas, e, hoje o patrimônio cultural assume o mesmo sentido de testemunho de um grupo social, de um Estado, de um segmento étnico, de um indivíduo” pág. 18. No entorno do museu está presente um patrimônio material e imaterial valioso: o casario colonial, templos católicos e protestantes, terreiros de candomblé e trapiches, tradições, costumes, manifestações culturais e os descendentes dos milhares de escravos que na região viveram, enfrentando problemas sociais que foram decorrentes dos 400 anos de escravidão. Nessa massa humana está viva a oralidade, as historias passadas de boca em boca através dos tempos, á procura de algo em um lugar que os represente dignamente e com que se identifique. O MABS, possuidor de todos os atributos que podem cumprir essa função, no entanto, parou no tempo , deixando-se envolver pela poeira da estagnação, fruto da falta de políticas oficiais que realmente entendam esse espaço como uma ferramenta de múltiplo uso, entre os quais a socialização, transformação social, busca de identidades e referencias.

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