domingo, 10 de junho de 2012
POÇO REDONDO: TERRA DE CANGACEIROS
A história de Poço Redondo mudou totalmente na época do cangaço. Antes um lugar tranqüilo, transformou-se praticamente em um campo de batalha. A história conta que 34 filhos de Poço Redondo acompanharam o bando de Lampião e foi na gruta de Angico, que hoje pertence ao município, que em 1938 Lampião e Maria Bonita, junto com outros nove cangaceiros, foram mortos por uma volante alagoana.
De acordo com Alcino Alves, dois acontecimentos do cangaço marcaram profundamente a vida dos habitantes de Poço Redondo. “Nenhum lugar, na vastidão dos campos sertanejos, viveu agonia tão grande e provações tão gigantescas como o pequenino núcleo das brenhas do Riacho Jacaré”. Por duas vezes, toda a população do povoado abandonou suas casas com medo da violência dos cangaceiros e da volante. Esses acontecimentos ficaram conhecidos como ‘As Carreiras’. “Aquela vidinha sem novidades e aborrecimentos tinha se acabado. Todas as desgraças e horrores começaram a aparecer, atingindo cruelmente as famílias e habitantes daquele abandonado pedaço de Sergipe”.
O primeiro assassinato em Poço Redondo aconteceu em 1932. Santo da Mandassaia foi morto cruelmente por Corisco. A população não entendia por que tiraram a vida de um homem tão pacífico. Assustados, todos os moradores do povoado deixaram suas casas e foram morar em Curralinho, um povoado à beira do Rio São Francisco. Em Poço Redondo não ficou um só morador.
Os militares decidiram que a povoação abandonada seria um ponto estratégico para o combate ao cangaço, porque de lá poderiam chegar com mais facilidade a pontos escondidos da região. Dez soldados, comandados pelo sargento Alfredo, se estabeleceram no local e, sabendo disso, a população que havia se mudado para Curralinho volta para suas casas.
Apesar da presença dos militares, os moradores de Poço Redondo continuaram morrendo.
Em 1937, revoltados porque os soldados mataram o cangaceiro Pau Ferro, os bandidos assassinam os soldados Tonho Vicente e Sisi. Segundo conta o livro de Alcino Alves, os cangaceiros mandaram um recado garantindo que iriam invadir a vila de Poço Redondo. “O pavor tomou conta de todos. A tropa que guarnece no lugarzinho se acovarda. Sem que ninguém esperasse, os militares que trabalhavam no povoado tinham que se apresentar imediatamente no quartel de Propriá. Apavorados pela falta de segurança, os moradores se reuniram e decidiram deixar novamente o povoado, voltando para Curralinho. Talvez um caso único na história do cangaço e na vida da gente sertaneja”.
Em 1938 choveu muito na região. “Aquela vidinha às margens do Velho Chico estava por demais enfadonha e maçante. Eles precisavam plantar, porém as roças ficavam nos arredores de Poço Redondo. Alguns decidiram se arriscar. Em junho desse mesmo ano, perto do Curralinho, no riacho do Angico, o incrível Lampião caiu, vencido pelas balas da volante do tenente João Bezerra da Silva. O cangaço morreu. O povo sofrido e desterrado de Poço Redondo não tinha mais o que temer. As famílias podiam retornar e reconstruir o arruinado povoado que tanto amavam”.
FONTE: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=606921
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